Em março de 2010, a ONU avançou mais um pouco no sentido de reduzir os acidentes de trânsito em todo o mundo. Instituiu a Década de Ações para a Segurança Viária, de 2011 a 2020.
Nesse período, a Organização Mundial da Saúde (OMS) deve definir um plano diretor para orientar os 192 países membros da ONU, ao mesmo tempo em que cada um desses países apresente suas metas para a redução de acidentes.
Essas iniciativas se prestam, de alguma maneira, para chamar a atenção de vários públicos – mídia, entidades e organizações não governamentais, além dos governos – para que mobilizem a sociedade a partir de seus núcleos de ação.
O esforço é louvável e, no caso do Brasil, necessário. Com o passar dos anos, as ocorrências fatais só fizeram aumentar. Nos últimos meses, acidentes provocados pela irresponsabilidade de motoristas embriagados ocorreram, com maior incidência, em muitas das principais cidades do País.
Em 2007, as notícias divulgavam perto de 35 mil vítimas por ano no País. Em 2010, calcula-se que o número de vítimas fatais foi de 40 mil. Isso, sem contar as que poderiam falecer dias após os acidentes, o que praticamente dobraria esse total.
SINAIS VERMELHOS
Segundo o Portal do Trânsito (www.portaldotransito.com.br), “uma pesquisa da Seguradora Líder, responsável pela administração do consórcio de seguradoras que operam no Seguro Obrigatório de Veículos Automotores (DPVAT), nos primeiros seis meses deste ano foram pagas 165.111 indenizações, o equivalente a 1.321 ao dia (útil). Em valores, os desembolsos alcançaram R$ 1,1 bilhão. Outro dado do levantamento indica que a grande maioria das pessoas vitimadas no trânsito ficou de alguma forma inválida: 65% do total”.
Mas, nem todas as medidas dependem do cidadão. Muitas vezes, ele é vítima da falta de infraestrutura e manutenção adequada de estradas e demais vias públicas. Nessa direção, a notícia de que só 9% da alta da arrecadação, ou seja, a cada R$ 100 a mais na receita, R$ 8,6 foram para escolas, hospitais e obras no período de 1995 a 2010 (Folha de S.Paulo, 31/10/2011), é alarmante.
A Lei Seca, que vinha obtendo bons resultados no desencorajamento ao consumo de bebidas alcoólicas, sofre revezes. Por uma daquelas brechas tão comuns na legislação brasileira, motoristas embriagados se recusam a fazer o teste do bafômetro e, assim, não podem ser incriminados. O endurecimento da lei passa por avaliação no Congresso. Nas ruas, o que se questiona é a falta de fiscalização para aplicá-la.
NECESSIDADE DE MOBILIZAÇÃO
A ONU faz recomendações. Entre elas, que se desenvolvam e implementem políticas e soluções de infraestrutura visando a proteger todos os usuários das vias, especialmente os mais vulneráveis; que se reforcem a aplicação e a conscientização da legislação de trânsito existente, e, sempre que necessário, que ela seja aprimorada, além da melhoria dos sistemas de registro de motorista e veículo por meio dos padrões internacionais.
Para que até 2020 não tenhamos uma década perdida, a sociedade também precisa se mobilizar. Não só através das manifestações em homenagem às vítimas de acidentes, mas também demandando atitude dos seus representantes no governo. Deles se esperam agilidade e consistência na aprovação de medidas que resolvam a “farra” no trânsito.
Quem dirige sabe que algumas precauções ajudam a evitar acidentes: manter o veículo em boas condições de uso; respeitar os limites de velocidade; usar cinto de segurança em todos os assentos, inclusive no banco detrás do carro; observar a sinalização; não falar ao celular enquanto dirige; não desviar a atenção para pegar objetos dentro do carro em movimento e, principalmente, não consumir bebida alcoólica. Vamos colocá-las em prática?